"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso." Charles Chaplin.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Fada



Nas histórias infantis, a fada é uns seres lendários, dotados de poderes sobrenaturais, que intervém de modo mágico nas questões humanas. Nessas narrativas, genericamente conhecidas como contos de fadas, aparecem também seres fantásticos de aspectos e comportamentos diversos, como elfos, gnomos e duendes.

A idéia de fada procede da Idade Média, mas em muitas mitologias anteriores surgiram figuras similares, como as ninfas gregas (Divindades femininas secundárias da mitologia grega, geralmente associadas à fertilidade e à água, e identificadas de acordo com os elementos naturais em que habitavam.) Nos contos infantis, as fadas são em geral belas, bondosas e de aparência etérea. Manifestam-se em momentos críticos para socorrer pessoas desamparadas, quase sempre jovens ou crianças. As tradições sobre fadas entre os povos nórdicos (Povos germânicos que habitam a Escandinávia e a Islândia. Caracterizam-se pela grande estatura e pele, cabelos e olhos muito claros.) da Europa, particularmente nas ilhas britânicas, descrevem-nas com características mais complexas e, às vezes, maldosas. Alguém levado para o país das fadas talvez nunca retornasse a viver entre os humanos. As fadas podiam se casar com seres normais, mas seus esposos morreriam se lhes viessem porventura a ser infiel.

Vários mitos paralelos sobre fadas originaram-se no correr dos tempos. Já se acreditou que ao nascer uma criança, por exemplo, as fadas tivessem papel preponderante na determinação de seu futuro. Daí o vocábulo latino fata, plural de fatum (destino), ser a referência etimológica. Atribuiu-se às fadas grande habilidade para fiar e tecer. A expressão "mãos de fada" teve origem nesse fato.

Evolução dos contos de fadas. O gênero inclui as narrativas populares de procedência folclórica, como "A Gata Borralheira" e "O Gato de Botas" e ainda bom número de contos tardios de invenção literária, como O príncipe feliz (1888), de Oscar Wilde. É difícil estabelecer distinção entre essas duas vertentes, porque desde tempos remotos as narrativas folclóricas receberam tratamento literário, enquanto os textos literários, fazendo o percurso inverso, se misturaram à tradição oral do folclore.

Coletâneas italianas pioneiras, como Le piacevoli notti (1550; As noites prazerosas), de Gianfrancesco Straparola, e o Pentamerone (1634-1636), de Gianbattista Basile, contêm histórias como "Branca de neve" e "A bela adormecida", vazadas em estilo literário altamente elaborado. Uma coletânea francesa posterior, os Contes de ma mère l'Oye (1967; Contos da mamãe gansa), de Charles Perrault, que inclui "Chapeuzinho Vermelho" e "A Gata Borralheira", permaneceu fiel à tradição oral e os Kinder-und Hausmärchen (1812-1815; Contos de fadas para as crianças e o lar), dos irmãos Grimm, foram diretamente transcritos de narrações orais.

Contos de fadas literários foram escritos no romantismo alemão por Goethe, Ludwig Tieck, Clemens Brentano, E. T. A. Hoffmann e, na Inglaterra vitoriana, por John Ruskin e Charles Kingsley. Poucas dessas criações, no entanto, conquistaram popularidade perene. O grande mestre da arte dos contos de fadas é o dinamarquês Hans Christian Andersen, cujas obras acabaram por igualar-se às histórias tradicionais em termos de aceitação universal. Escritos com humor, poesia e uma ingenuidade sincera, seus Eventyr (1835-1872; Contos) são altamente pessoais pelo estilo, com elementos autobiográficos e de sátira social à época.

Psicólogos e psicanalistas do século XX, entre os quais Sigmund Freud, Carl Gustav Jung e Bruno Bettelheim, interpretaram certos elementos dos contos de fadas como manifestações de medos e desejos comuns a todos os seres humanos. No livro The Uses of Enchantment (1976; A psicanálise dos contos de fadas), que deu origem a novas discussões sobre o tema, Bettelheim afirma que a natureza cruel e arbitrária de muitas histórias é, na verdade, uma reflexão instrutiva sobre a superação, natural e necessária para a criança, de várias fases de iniciação e desenvolvimento. Segundo suas palavras, "os contos de fadas dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação, sugerindo também as experiências necessárias para desenvolver ainda mais seu caráter".

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