"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso." Charles Chaplin.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Rock and roll


Woodstock, o monumental festival realizado em agosto de 1969, ancorado no lema "três dias de paz e amor", consagrou o rock como a música símbolo do poderoso movimento jovem que revolucionava os costumes nos Estados Unidos a partir do início da década. Reprisado 25 anos mais tarde, o evento deu prova do vigor com que se implantara no gosto contemporâneo o ritmo ruidoso nascido como bandeira de rebeldia.
Rock and roll, ou simplesmente rock, é o estilo musical que surgiu nos Estados Unidos em meados da década de 1950 e, por evolução e assimilação de outros estilos, tornou-se a forma dominante de música popular em todo o mundo. Os elementos mais característicos do estilo são as bandas compostas de um ou mais vocalistas, baixo e guitarras elétricas muito amplificadas, e bateria. Também podem ser usados teclados elétricos e eletrônicos, sintetizadores e instrumentos de sopro e percussão diversos.
Do ponto de vista musical, o rock surgiu da fusão da música country, inspirada nas baladas da população branca e pobre do Kentucky e de outras regiões rurais do centro dos Estados Unidos, de estilo épico e narrativo; e do rhythm and blues, por sua vez uma fusão dos primitivos cantos de trabalho negros e do jazz instrumental urbano. Inicialmente de música muito simples, era um estilo de forte ritmo dançante. Entre os primeiros cantores e compositores, quase todos negros, destacaram-se Chuck Berry, Little Richards e Bill Halley, este líder de uma banda conhecida no Brasil com o nome de Bill Haley e seus Cometas, que gravou a pioneira Rock Around the Clock. As letras das canções da época referiam-se, de forma inculta e irreverente, a temas comuns ao universo dos jovens, como amor, sexo, crises da adolescência e automóveis. Utilizavam percussivamente o som das palavras e também sílabas soltas e onomatopaicas, como be-bop-a-lula, que deu nome a uma canção.
Elvis Presley foi o primeiro grande astro do rock e da emergente indústria fonográfica. Apoiadas, sobretudo no sucesso do gênero, as gravadoras americanas transformaram-se em impérios financeiros e, em sua intenção de tornar o rock atraente a uma maior audiência, promoveram transformações que descaracterizaram a vitalidade inicial do movimento. No início da década de 1960, no entanto, o rock inglês explodiu com uma carga de energia equivalente à dos primeiros músicos americanos do estilo e seu sucesso logo conquistou o público jovem americano. Destacaram-se no período The Beatles, banda inglesa cuja música foi influenciada diretamente pelos primeiros compositores do rock. Tipicamente agressiva era a postura dos Rolling Stones, a mais duradoura das bandas da época, ainda em atividade na década de 1990. A sonoridade das palavras voltou eventualmente a ser mais importante que o sentido, na tentativa de descrever experiências com o uso de alucinógenos. Na América, Bob Dylan tornou-se conhecido com o folk rock, que unia os ritmos do rock às baladas tradicionais da música country. Sua música encerrava uma mensagem política em linguagem poética.
Progressivamente, as letras das canções passaram a abordar os mais variados assuntos, em tom ora filosófico e contemplativo, ora ácido e mordaz. A música passou também por um processo de maior elaboração e surgiram os solistas de grande virtuosismo, sobretudo guitarristas, e arranjos com longas partes instrumentais de complexa orquestração. A cantora Janis Joplin, o guitarrista Jimi Hendrix e o cantor Jim Morrison, do The Doors, representam um período de fértil experimentação musical do estilo.
Na década de 1970, surgiram inúmeros subgêneros, como o rock progressivo do Pink Floyd, basicamente instrumental e conectado com a música erudita; o technopop do Alan Parsons Project, que explorava o sintetizador e as técnicas de estúdio; o art rock, ligado ao artista pop Andy Warhol e aos músicos John Cale e Lou Reed; o heavy metal do Kiss e do Van Halen e o punk rock do Sex Pistols, surgido no movimento punk, que levou a extremos a intensidade sonora dos instrumentos e a agressividade das letras e atitudes; o glitter de Alice Cooper e David Bowie, que acentuou o lado andrógino dos cantores, com figurinos exóticos e pesada maquiagem; e o pop rock, fusão do estilo a gêneros mais comerciais, com larga utilização de instrumentos eletrônicos.
Brasil. O primeiro grupo brasileiro a utilizar elementos do rock foi a banda Os Mutantes, na verdade criadora de uma estética original que incluía música regional, instrumentos elétricos, vocais elaborados e letras non-sense, ácidas ou humorísticas. Entre seus integrantes estava a cantora e compositora Rita Lee, que se lançou depois em carreira solo e foi considerada a criadora do rock brasileiro. Contemporânea do tropicalismo, movimento que se seguiu à bossa nova e revalorizou a música popular brasileira, a jovem guarda teve como principal figura Roberto Carlos, na época líder de um programa musical na televisão e que mais tarde dedicou-se à música romântica. Em relação ao cenário internacional, já havia muito de romântico e bem comportado no grupo, que tinha como referência o "iê-iê-iê" de The Beatles. Na década de 1980, proliferaram as bandas, como Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, a punk Ratos do Porão, Titãs, Blitz, além de solistas como Lobão e Lulu Santos. Os principais centros do movimento no país foram São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Em janeiro de 1985, realizou-se o primeiro grande festival de rock internacional no Brasil, o Rock in Rio I. O evento, de proporções inusitadas no país, apresentou shows ao ar livre em dez noites consecutivas, com os grupos mais importantes do rock mundial na época -- entre os quais Yes, Queen, Iron Maiden e Scorpions --, ao lado de artistas nacionais. Com gigantescas instalações de palco, luz e som, o festival atraiu um público de mais de 1,5 milhão de pessoas e reanimou carreiras em declínio, como a de James Taylor. O Rock in Rio II realizou-se seis anos depois no Maracanã, com a presença de estrelas internacionais como Prince e Guns'n Roses.

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